segunda-feira, 25 de maio de 2009

UM FILHO DE CANGUÇU NAS REVOLUÇÕES DE 1893 e 1923


SARAIVA, Antonio. Joaquim Antônio Saraiva, um bravo republicano. Pelotas. Ed. UFPEL, 2005.


Análise pelo Cel Cláudio Moreira BentoPresidente da ACANDHIS





O livro mencionado é de autoria de Antônio Saraiva, canguçuense nascido na Flórida em 1956, e que reside em Pelotas desde os 17 anos, tendo sido segurança no Frigorífico Anglo e hoje é proprietário no Areal, do Salão Arealense.
Em seu livro a base principalmente da História Oral que coletou sobre as revoluções de 1893 e de 1923 onde atuou o personagem de seu livro em análise e também seu bisavô Joaquim Antonio Saraiva (1851-1951), que faleceu centenário.
Em 1893 seu bisavô lutou como governista integrando forças de Canguçu e Piratini, colocadas a disposição do governo do Estado para combater junto com O Exército e Brigada Militar as invasões federalistas na fronteira com o Uruguai. Em 1923 combateu como revolucionário integrando as forças do canguçuense General Rev. Antônio de Souza Neto, patrono de cadeira em nossa ACANDHIS.
Seu bisavô era primo em 2º grau dos destacados federalistas Gumercindo e Aparício Saraiva, cujo pai vivenciou em Canguçu a Revolução Farroupilha, ao final da qual emigrou para o Uruguai, em função das perseguições políticas dos antigos farrapos em Piratini e Canguçu, que só viriam a ter fim em 1893, quando antigos farrapos assumiram o poder político em Canguçu e obrigaram as famílias monarquistas Piegas , Cunhas e outras a migrarem de Canguçu deixando. as magníficas construções onde hoje funcionam o Clube Harmonia,a Casa da Cultura, a Secretaria de Cultura ao lado da igreja católica etc.Assunto que abordamos em a Revolução Federalista em Canguçu na prevista do CIPEL em 1993.
E dentre os republicanos que passaram a liderar Canguçu foram relacionados em carta a nós enviada por Leão dos Santos Terres ( Desinho). E entre estes nomes o seu pai Cel. Leão Silveira Terres, e os irmãos Franklin Máximo e Carlos Norberto Moreira ligados a fundação do Clube Harmonia, para harmonizar a família canguçuense seriamente dividida pela Revolução de 93. E os três citado, hoje patronos de cadeiras em nossa AHIMTB. Depois de muitos anos chegou em Canguçu, descendente de Basílicio Saraiva, um dos irmãos de Gumercindo, o jovem Basílicio Saraiva que aqui casou com Miriam Sherer Bento, filha de José Moreira Bento e Yonne Maria Sherer Bento. Como este mundo dá voltas!
Mas a saga do centenário Joaquim Antonio Saraiva teve início ao saber que o seu pai Manoel Saraiva, fora assaltado, roubado e morto no passo de Waldez, bem como seus peões, para lhe roubaram apreciável quantia soma de dinheiro que ele levava para depositar no Banco Pelotense, defronte ao antigo Mazza.
Em razão da inação de justiça Joaquim Antonio, segundo o autor Antonio Saraiva, depois de procurar sem solução, que ela atuasse, resolveu fazer justiça com as próprias mãos. A viúva de seu pai ordenou aos quatro filhos que eliminassem o matador de seu marido o que ocorreu pelas mãos do irmão mais velho, Antonio Joaquim, no Passo do Arroio com um tiro certeiro.
E a vida de Antonio Joaquim mudou para pior em função desta justiça com as próprias mãos, o que fez dele um procurado pela justiça. E faltavam ainda três bandidos vivos envolvidos na morte de seu pai. Então ingressou na política em defesa da candidatura de Dr. Julio Prates de Castilhos.
E integrou forças civis de Canguçu e Piratini enviadas a fronteira, para depor o governo paralelo de Joca Tavares, e ao comando do General do Exército João Telles, e depois para combater os federalistas que invadiram o Rio Grande do Sul ao comando de seu parente Gumercindo Saraiva, considerado de justiça, O Napoleão dos Pampas. E a moldura da atuação desta tropa, a resgatei na seguinte obra, corrigindo versões que comprometiam a memória histórica do canguçuense Cel. Bernardino da Silva Mota e do piratiniense Cel. Maneco Pedroso, atribuindo-lhes em telegrama cifrado, que se revelou indecifrável pelos órgãos de segurança das Forças Armadas, as quais o submeti, culpas que absolutamente não possuíram naquele contexto de revolução, que passou a História como A Revolução Maldita, A Revolução da degola, A Revolução de Bárbaros etc. Eis a obra em que corrijo estas injustiças. BENTO, Cláudio Moreira. História da 3ª Região Militar 1889-1953. Porto Alegre: 3ª RM. 1995, p. 45 a 69.
Este trabalho resgata a real participação até então esquecida ou manipulada das forças de Canguçu e Piratini na deposição de Joca Tavares que assumira em Bagé a Presidência paralela do Estado de forma anticonstitucional.
E dentro deste contexto atuou o biógrafo de Joaquim Antônio, para revelar e balizar em seu livro mais um nome de um canguçuense dela participante
Durante a Revolução de 93 tropas civis mobilizadas em Piratini e Canguçu ao comando do Cel. Maneco Pedroso foram aprisionadas pelos federalistas no combate do Rio Negro em 28 de novembro de 1893 e submetidas à degola, circunstância que estudamos com profundidade em pesquisa intitulada O massacre federalista do Rio Negro em Bagé em 28 de novembro de 1893. Pesquisa que publicamos e foi remetida a instituições históricas ocidentais, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Volume 154, nº 378, jan/mar 1993, ocupando 25 páginas, incluindo o depoimento do então Coronel Zeca Netto que participou da Divisão Sul que libertou Bagé dos federalistas após um cerco de mais de 40, dias. e comandando uma brigada..
Creio que o massacre de canguçuenses e piratinienses em Rio Negro foi de certa forma uma vingança da derrota que piratinienses, canguçuenses, cerritenses e bageenses impuseram em Seival, em 11 de setembro de 1839, ao pai dos federalistas Joca e José Tavares, para os quais e principalmente para o último, se atribui a responsabilidade do massacre do Rio Negro, do qual escaparam o intendente de Canguçu Cel. Bernardino da Silva Mota, por estar guarnecendo a bomba da Estação de Candiota e o Cel. João Paulo Prestes, vice intendente de Canguçu que tombaria morto em 1923, no combate do Passo do Mendonça, como revolucionário.
Ao término da Revolução de 93, Antonio Joaquim Saraiva retornou a seu lar na Coxilha dos Campos e conheceu os nomes dos três outros bandidos que residiam torno da Coxilha dos Campos . .E certo dia topou, segundo o autor Antonio Saraiva, com os três assassinos de seu pai. E provocado, fingiu retirada, ocupando posição favorável para uma espera dentro do mato. E os assassinos do seu pai, acreditando haver fugido Antonio Joaquim, gritavam, segundo colheu o autor do livro, com apoio em fontes orais colhidas:
“Esta Saraivada toda, nós temos que matar!”
E foi aí que Antonio Joaquim irrompeu da mata e disparou contra seus três inimigos, tiros certeiros com o seu HO44 norte americano que usara em 93.
Matara dois e o terceiro escapara ferido. A Revolução deixara Antonio Joaquim hábil no manejo de armas e certeiro no tiro, segundo contam seus descendentes.
E aconselhado pela esposa foi a Canguçu a procura de amigos que sugeriram que se homiziasse no Cerro da Boneca, próximo a Coxilha dos Campos e de sua família e no Cristal, propriedade então do Cel. Leão Silveira Terres, cujo centenário de falecimento este ano a Academia Canguçuense de História o reverenciou como patrono de uma de suas cadeiras com a presença expressiva de seus descendentes. Cristal fundado pelo sogro do Cel. Leão Silveira Terres e hoje propriedade do casal Leonardo Sedrez de Souza. e Doutora Paula Sherer Bento de Souza.
E homiziado nestes locais, em especial no mato Generoso no Cristal, ele passou 9 anos difíceis e sempre alvo de batidas policiais e ali afastado de sua esposa e 13 filhos.
E para defender-se, segundo seus descendentes, possuía um arsenal de armas em casa. E certa feira, ao passar por um bolicho, viu seu irmão numa briga estar ferido a faca e prestes a receber outro golpe. Ato contínuo sacou seu revolver e atingiu mortalmente o contendor de seu irmão mais novo. A justiça mais uma vez saiu em seu encalço. Para aliviar a pressão passou largo tempo no Uruguai. Retornando residiu longo tempo no Iguatemi.
Na Revolução de 23 Antonio Joaquim se incorporou à Revolução de 23, liderada na Serra dos Tapes pelo canguçuense e patrono de cadeira na ACANDHIS, Gen. Zeca Netto, neto de Antonio de Souza Mattos e sobrinho do General Antonio Neto, o vencedor do Seival e do Ten. Cel. Honorário do Exército Theóphilo de Souza Mattos nosso bisavô que comandou o Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional de Canguçu na Guerra do Paraguai onde se destacaram na conquista do forte de Curuzu.
Neste particular o autor agregou muito boas informações sobre o desempenho da Coluna Zeca Netto e, em especial fotos inéditas sobre a Tomada de Pelotas em 1923 e outras fontes iconográficas originais como uma onde aparece a cavalo o canguçuense e patrono de cadeira na ACANDHIS Dr. Walter de Oliveira Prestes.
Aliás, tema a que nos temos dedicado e explorado com os seguintes artigos:


- O general Zeca Netto – traços de seu perfil militar na Revista do Clube Militar jan/fev
1989, também publicado no jornal Tradição do MTG, nº 112, 15 maio 1983.


- Os 80 anos da tomada de Pelotas pelo General Zeca Netto. Revista do CIPEL. Porto
Alegre: Ediplat, 2003, p. 149/776.


- General Zeca Netto in: Canguçu – Reencontro com a História. Porto Alegre: IEL, 1983.


Merece destaque nesta obra de Antonio Saraiva além do mencionado a sua descrição da vida no campo em Canguçu ao tempo de seu bisavô Joaquim Antonio, a Genealogia da Família Saraiva em Canguçu e cartas do general Zeca Netto, no exílio no Uruguai, aos filhos Zeca e a filha Rafaella. Esta com o nome de sua avó Rafaela. Mattos, tia de minha vó Firmina Percília Mattos Moreira, esposa de Carlos Norberto Moreira
Sobre a Família Saraiva cumpre destacar que são originários da Colônia do Sacramento e que de lá vieram para a região do norte de São José do Norte, depois se transferiu para a atual 4ª Zona de Canguçu de onde, depois da Revolução Farroupilha dali foram descendo até o Uruguai os pais de Gumercindo e seu irmão Aparício, batizados, segundo o último mencionou, na Capela da Vila Freire.
Em suma, Antonio Saraiva em seu livro sobre seu bisavô ajuda a esclarecer mais a atuação de canguçuenses e piratinienses nas revoluções de 93 e 23 e fornece dicas para aprofundamentos. Está, pois de parabéns, por seu esforço em preservar, pesquisar, cultuar e divulgar a memória coberta pela pátina dos tempos, de seu centenário bisavô Contribuição que a luz de outras fontes históricas, já disponíveis, ajudará a melhor se escrever a História de Canguçu, tarefa relevante a que tem se dedicado desde 1988 os integrantes da Academia Canguçuense de História o que agora Antonio Saraiva ajuda a enriquecer ao fornecer novos caminhos a explorar. Exemplo para que outros canguçuenses sigam o seu exemplo para que nossa História não venha a ser novamente apropriada, negada , por outros pesquisadores e descurada e esquecida pelos canguçuense quanto aos seguintes fastos da História de Canguçu.


1- O caminho entre Rio Grande e Rio Pardo as duas primeiras bases militares portuguesa no Rio Grande do Sul , foi o primeiro do interior a ser explorado e atravessando o local onde hoje se ergue a cidade de Canguçu.


2- Coxilha do Fogo e local da cidade de Canguçu foram bases de guerrilhas de Portugal ao comando do mais tarde Brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, no período 1763/176 de dominação espanhola da Vila de Rio Grande e do Forte Santa Tecla, após 1774.


3- As terras de Canguçu abrigaram de 1783/89 em Canguçu Velho a sede da Real feitoria do Linho cânhamo do Rincão do Canguçu e a pecuária da mesma,
4- Ter sido expressiva a participação de Canguçu na Revolução Farroupilha, “considerado o distrito de mais perigo e mais farrapo” da capital Piratini.


5- Haver Canguçu tido expressiva participação com cerca de ¼ de seus filhos que venceram os imperiais no combate do Sei Val, em 11 setembro 1836, e a apoiado no dia seguinte a Proclamação da Republica Rio Grandense que durou cerca de nove anos.


6- Haver sido escrita em Canguçu a História da Revolução Farroupilha e de seus principais líderes pelo Tenente Farrapo Manoel da Silva Caldeira , hoje patrono de cadeira na ACANDHIS, cujo depoimento escritos foram usados por expressivos historiadores gaúchos, sem terem lhe feito justiça e que nesta época representou Canguçu em histórica reunião republicana em Porto Alegre e foi candidato a intendente de Canguçu.

7- Haver nascido em terras de Canguçu, então pertencentes ao município de Rio Grande, o Cel. Joaquim Teixeira Nunes, hoje patrono de cadeira na ACANDHIS.


8- Jamais existiu em Canguçu Velho uma missão ou redução jesuítica entre os rios Camaquã e Piratini e, sim, entre os rios Icamaquã e Piratini, nas Missões, confusão criada por Simões Lopes Neto em.Histórico de Canguçu em 1912 na Revista do Centenário de Pelotas,com apoio em um conferencista que assistiu na Biblioteca Pública de Pelotas.


9- Haver Canguçu contribuído com o expressivo tributo de 10% dos mortos gaúchos da nossa Força Expedicionária Brasiléia (FEB), e que não eram pelotenses.


10- Significar a palavra Canguçu mato grande. Corruptela de Caa = mato e Açu = grande, denominação comum no Brasil como a própria mata que existiu onde hoje se ergue a Avenida Paulista em São Paulo.


11- Haver a filosofia do tradicionalismo gaúcho sido despertada em Canguçu no piratiniense Luiz Carlos Barbosa; Lessa filho de pais canguçuenses ao conhecer, ler e ser presenteado por sua tia avó viúva Alice Moreira com a Coleção do Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul 1889/1917 colecionada pelos irmãos pai e sogro de Alice os já citados Carlos Norberto e Franklin Maximo Moreira que nele colaboraram do.


12- Haver nascido em Canguçu o General Zeca Netto, filho de Rafaela Mattos Netto, e cunhada do General farrapo Antônio Netto. Seu filho Zeca ao chegar a um local, ao ser perguntado de quem se tratava respondia orgulhoso. ”Sou o filho de Rafaela Mattos Neto”, tal a importância da mesma em sua vida e na vizinhança.
E por aqui vamos encerrando esta análise lembrando uns dizeres em placa no Museu da República no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. “Ser o passado uma enorme planície onde correm dois rios.Um cheio de curvas, alagamentos, margens irregulares, imprecisas e pantanosas. Este e o rio do Mito, fruto da paixões humanas e políticas, das fantasias, das injustiças, da manipulação da verdade etc. O outro é um rio reto de margens bem definidas e firmes e sem alagamentos Este é o rio da História. E esta fruto da analise isenta de fontes históricas fidedignas, autênticas e integras a luz de fundamentos de critica. E a História de Canguçu no passado por não dispor de historiadores, foi vitima de manipulações de sua História que temos demonstrado muito rica. E entre elas por fontes da Revolução Federalista, cheias de paixão e violência escrita que chegaram a atribuir a Canguçu haver sido palco de violências inomináveis como assassinatos políticos que as fontes históricas confiáveis, que pesquisando registros de óbitos da igreja e do registro civil não confirmaram e não foram rebatidos os que conheciam a verdade por não dominarem as letras para responder. E assim tentando transformar o Canguçu republicano da Revolução de 93 numa lixeira histórica, com o que temos protestado em todos os foros históricos do Brasil, o que pode ser confirmado em nossa obra histórica. Foi difícil mas vencemos a parada! Foi uma vitória demorada, da História contra Mito.
Obrigado!

Analise apresentada Pelo Presidente da ACANDHIS em reunião da ACANDHIS
Na Câmara Municipal de Canguçu em 23 junho 2006


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Descrição da Poesia

Poesia é um sentimento
Que brota no coração
È como o nascer do sol
Numa manhã de verão
Anunciando o novo dia
Nos confins do meu rincão.


Poesia é uma ciência
Que o homem tem que aprender
Em que o professor é a vida
A matéria é o viver
Caminhos que não conhece
Que nasce ao amanhecer.


Poesia é o arvoredo
Com os pássaros cantando
É um jardím cheio de flores
Com rosas desabrochando;
Poesia é uma menina
Com quinze anos dançando.


Poesia é uma criança
Com pouco tempo de idade
Onde só existe o amor
E não conhece a maldade;
É manhã ensolarada
Que nos trás felicidade.


É noite de lua clara
É um casal de namorados
É um mundo pequeno
Para dois apaixonados;
São nossos sonhos de amor
É recordação do passado.


ESCREVÍ NO ANO DE 1985, ENQUANTO EU ATUAVA COMO GUARDA NOTURNO EM UM FRÍGORIFICO ÀS MRGENS DO RIO SÃO GONÇALO NA CIDADE DE PELOTAS R.S.